Aqui no Knysna Elephant Park (KEP), no momento temos 9
elefantes: Sally que é a matriarca, de 24 anos, ainda jovem para um elefante
que vive até por volta de 80, e a sua manada de 3 fêmeas e mais 3 jovens e
outros 2 quase adultos machos que já não fazem parte da manada e ficam em áreas
separadas.
Cada elefante do parque tem sua história, Keisha por
exemplo, uma das fêmeas, perdeu a mãe para caça ilegal, e ao tentar mamar nas
outras fêmeas acabou sendo ferida por elas, tendo assim vários furos e
cicatrizes na orelhas.
Clyde, um dos dois machos quase adultos do parque era
elefante de circo até que foi doado ao parque.
Harry e Sally escaparam do abate no Kruger National Park e
deram inicio ao KEP
O abate é uma forma permitida de caça mesmo para com
espécies em risco, pois no caso do Kruger por exemplo, até 1994 era comum a época de abate em prol da
sobrevivência do ecossistema do parque. È dificil para nós que somos de fora
aceitar que elefantes estão sendo mortos com o aval do governo, soa revoltante
num primeiro momento, mas uma das coisas
que precisei aprender aqui é que não se
pode olhar de fora, é necessário aprender a realidade da situação.
No caso, o Kruger é um parque cercado, de 2 milhões de hectares que comporta milhares
de espécies. Eles não podem permitir que o número dessas espécies se exceda
pois prejudicará as demais que ali também vivem. A opção de realocar esses
elefantes em excesso para outras regiões não é descartada, porém elefantes são
famosos por suas incriveis memórias. Em uma dessas tentativas por exemplo o KNP gastou por volta de 11milhões de Rand
para mover vários elefantes para
Moçambique. Após algum tempo todos os elefantes estavam literalmente batendo na
porta do KNP, eles voltaram pois sabiam onde é a “casa” deles.
São assuntos muito complicados o da caça e abate (culling) legal, não estou falando que
sou a favor, mas aprendi que não podemos julgar certas situações antes de
conhecer os “dois lados da moeda “ primeiro.
Uma dessas felizes tentativas de realocar elefantes do
Kruger, por exemplo foi o caso de Harry e Sally, outra foi o caso de Thato, a elefante mais
jovem no parque, 5 anos, ainda um bebê, que foi
encontrada com um ano de idade após sua familia ter sido morta por
caçadores, e ao chegar ao KEP foi quase imediatamente adotada por Keisha, que
hoje está grávida do seu próprio bebê.
Aprendendo a história de cada um, sua
personalidade e seus laços afetivos entre si e com as pessoas que trabalham
diretamente com eles todos os dias, percebo que esses seres gigantes não são muito diferentes de nós humanos, seus sentimentos, suas
brincadeiras, sua inteligência e a nítida diferença entre cada individuo do
grupo me encanta cada dia mais.
Talvez tenha sido isso que me fez pela
primeira vez mudar meus planos nessa viagem para ficar um pouco mais com eles.